KARATE DO SHOTOKAI BRASIL

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Dogishin - Karatê

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

A EXPERIÊNCIA DE PAZ

XV. A EXPERIÊNCIA DE PAZ E A PASSAGEM DA FORÇA

1. Relaxa plenamente o teu corpo e aquieta a mente. Então, imagina uma esfera transparente e luminosa que, descendo até ti, termina por alojar-se no teu coração. Reconhecerás nesse momento que a esfera deixa de aparecer como imagem para transformar-se em sensação dentro do peito.

2. Observa como a sensação da esfera se expande lentamente, do teu coração para fora do corpo, ao mesmo tempo que a tua respiração se torna mais ampla e profunda. Ao chegar a sensação aos limites do corpo, podes deter aí toda a operação e registrar a experiência de paz interior. Nela podes permanecer o tempo que te pareça adequado. Então, faz retroceder essa expansão anterior (chegando, como no começo, ao coração), para desprender-te de tua esfera e concluir o exercício calmo e reconfortado. A este trabalho chama-se "experiência de paz".

3. Porém, ao invés, se quisesses experimentar a passagem da Força, em vez de retroceder na expansão deverias aumentá-la, deixando que as tuas emoções e todo o teu ser a sigam. Não trates de pôr a tua atenção na respiração... Deixa que ela atue por si só, enquanto segues a expansão fora do teu corpo.

4. Devo repetir-te isto: a tua atenção, em tais momentos, deve estar posta na sensação da esfera que se expande. Se não o consegues, convém que te detenhas e o tentes noutra oportunidade. De qualquer maneira, se não produzes a passagem, poderás experimentar uma interessante sensação de paz.

5. Se, ao invés, foste mais longe, começarás a experimentar a passagem. Das tuas mãos e outras zonas do corpo chegar-te-á um tom de sensação diferente do habitual. Depois, perceberás ondulações progressivas e, em pouco tempo, brotarão com vigor imagens e emoções. Deixa então que se produza a passagem...

6. Ao receber a Força, perceberás a luz ou estranhos sons dependentes do teu particular modo de representação habitual. Em qualquer caso, importante será a experimentação da ampliação da consciência, um de cujos indicadores deverá ser uma maior lucidez e disposição para compreender o que ocorre.

7. Quando desejares, podes terminar com esse singular estado (se é que antes não se foi diluindo pelo simples decorrer), imaginando ou sentindo que a esfera se contrai e depois sai de ti, do mesmo modo que chegou ao começar tudo aquilo.

8. Interessa compreender que numerosos estados alterados de consciência têm sido e são conseguidos, quase sempre, pondo em marcha mecanismos similares aos descritos. Naturalmente, revestidos de estranhos rituais ou às vezes reforçados com práticas de esgotamento, forçamento motriz, repetição e posturas que, em todos os casos, alteram a respiração e distorcem a sensação geral do intracorpo. Deves reconhecer nesse campo a hipnose, a mediunidade e também a ação da droga que, atuando por outra via, produz semelhantes alterações. E, claro, todos os casos mencionados têm como signo o não controle e o desconhecimento do que se passa. Desconfia dessas manifestações e considere-as simples "transes", pelos quais passaram os ignorantes, os experimentadores e ainda os "santos", segundo contam as lendas.

9. Se trabalhaste observando o recomendado, pode acontecer, não obstante, que não tenhas conseguido a passagem. Isso não pode converter-se em foco de preocupação, mas sim em indicador de falta de "soltura" interior, o que poderia refletir muita tensão, problemas na dinâmica de imagem e, em suma, fragmentação no comportamento emotivo... Coisa que, por outro lado, estará presente na vida cotidiana.